Enrico Bianco, nasceu na Itália em 1918. Sempre teve uma
ligação com nosso país, pois seu pai, Francesco Bianco era escritor e
correspondente internacional do Jornal do Brasil. O jovem Enrico, aos 17 anos
pintava embalado pelo piano tocado por sua mãe, Maria Bianco-Lanzi, uma mulher
de cultura invulgar.
A família sofreu um
baque com a morte de sua mãe, e também pelo fato de Francesco ter sido um
deputado pela democracia-cristã, e com isso caiu em desgraça pela ascensão do fascismo na
Italia. O JB, vivendo a crise dos anos 30 demitiu-o da posição de
correspondente na Itália.
Com isto a família emigrou para o Brasil, que Francesco já
conhecera em 1920. E assim, em 1937, Enrico Bianco chegou ao Rio de Janeiro,
acompanhado do pai e da irmã, estabelecendo-se para sempre no Brasil.
Algum tempo depois, teve um encontro que marcou-o para
sempre. O pintor Paulo Rossi sugeriu que ele visitasse uma obra que Portinari
estava fazendona sede do Ministério da Educação. Ele foi e lá só encontrou três
ajudantes.
Estes ajudantes estavam enfrentando dificuldades para
executarem a ampliação, em afresco, da mão de um garimpeiro, Enrico pediu
licença e sozinho pintou aquele detalhe.
Logo chega Portinari, que percebendo a intromissão,
perguntou: “Quem fez aquela mão ali?” Os ajudantes apontaram para Enrico,
quieto a um canto. Portinari não deu importância ao jovem, que ficou constrangido.
Bianco arrependeu-se de ter ido lá e mais ainda de ter
interferido na obra, mas ficou observando o desenrolar dos trabalhos. Ao chegar
a hora do almoço, Bianco fez menção de retirar-se, despedindo-se de Portinari
que lhe perguntou do mesmo jeito carrancudo: “Mas, aonde vai?” “Para casa”,
respondeu Bianco.
`Portinari estendeu-lhe a mão com a mesma cara de zangado
perguntou: “Mas amanhã você volta, não volta?”
Assim Enrico Bianco se integrou à equipe de Portinari, do
qual foi um valioso colaborador e a influência do mestre é sentida em toda a
sua obra.
Esta aproximação que tanto lhe beneficiou, também trouxe problemas,
por razões políticas.
Em 1960 foi convidado para expor alguns trabalhos na 2ª
Bienal do México. Como o Itamarati pagou as despesas de viagem aos pintores
brasileiros, tomou-se ao direito de rever a lista dos artistas expositores, e
assim cortou Bianco , sob a alegação de que ele era italiano e não representava a arte
brasileira. Sua temática era toda ela voltada
para a nossa terra, nossa gente, nossos costumes. Rubem Braga saiu em
sua defesa em crônica publicada pela revista Manchete.
Não resolveu. Quando o Estado interfere na arte, a arte
sempre leva a pior, e o artista também.
Enrico nasceu em Roma, em 1918, no dia 18 de julho. Veio
muito jovem para o Brasil e aqui desenvolveu-se, conviveu com grandes mestres
da pintura, como Portinari, teve Burle Marx entre seus amigos e recebeu muitos
elogios de especialistas em arte, como Antonio Bento e Pietro Maria Bardi.
Podemos, sem medo de errar, dizer que Enrico Bianco é o mais
brasileiro dos pintores italianos, e por isso pode ser incluído no rol dos
PINTORES BRASILEIROS.
Algumas obras deste artista:
Nenhum comentário:
Postar um comentário